Análise citológica do conduto auditivo de cães com otite externa crônica provenientes de Itajubá – MG

Júlia de Carvalho Jonas Grossi Ferrão, Rodolfo Malagó

Resumo


A otite externa é a inflamação dos canais auditivos externos, sendo uma das enfermidades mais presentes na rotina veterinária. Uma terapêutica eficaz está relacionada com a detecção dos agentes etiológicos e consequente prescrição do medicamento adequado. Exames laboratoriais são fundamentais para esse processo, sendo a citologia auricular uma maneira rápida, barata e eficaz de avaliar o conduto auditivo de cães. Dessa maneira, perante a alta incidência dessa enfermidade e a praticidade da sua detecção através da citologia, esse estudo teve como objetivo avaliar o conduto auditivo de cães portadores de otites externas crônicas de Itajubá – MG, por meio de citologia auricular, a fim de averiguar a distribuição do sexo, da raça, dos fatores predisponentes e da microbiota dentro da amostra proposta. Para tanto, foram coletadas 43 amostras de cerume de cães que possuíam suspeita de otite através das informações reunidas na anamnese e no exame físico. Essas amostras foram transferidas para lâminas de vidro, e então, coradas pelo método Panótipo Rápido para a visualização microscópica. O critério utilizado para analisar as amostras e determinar o agente etiológico foi o criado por Angus (2004). Como resultado da microbiota obteve-se: 37% dos animais que apresentaram otite bacteriana, 54% apresentaram fúngica e 9% foram mista. Com relação ao sexo do animal, 47% dos cães eram fêmeas e 53% machos. Sobre o pavilhão auricular, 98% dos animais apresentaram o formato pendular e apenas 2% o formato ereto. Os achados sobre as raças dos cães foram os seguintes: 26% da amostra eram Poodle, 26% SRD, 14% Labrador, 14% Shih Tzu, 7% Golden Retriever, 3% Schnauzer e Pator Alemão, Cocker Spaniel, Rottweiler, Dachshund e Pug representaram individualmente 2%. Após análise dos dados, foi possível concluir que a variável sexo nos animais acometidos por otite não é um fator determinante para a doença. Já a característica pavilhão auricular pendular, possui forte correlação com a ocorrência de otite no grupo proposto, sugerindo ser um dos principais fatores predisponentes da doença. Com relação à microbiota, o grupo relatado demonstra que a incidência de otite mista é menor do que a fúngica e a bacteriana. Por fim, sobre a ocorrência de otite perante a raça do animal, é possível concluir apenas que está em coerência com a descrição da literatura, uma vez que não se sabe a distribuição das raças caninas em Itajubá – MG.


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Referências


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